quinta-feira, abril 26, 2012

Travessia do Mondego em BTT, da nascente à foz


O mote do fim de semana foi este....


Sábado dia 21, foram 15 os amigos do Clube de Montanhismo da Guarda que começaram a pedalar junto à nascente do Rio Mondego (Mondeguinho), debaixo de chuva, vento e muito nevoeiro.
O primeiro fim de semana desta actividade estava a começar. O tempo não era o mais apetecível, mas a vontade e o espírito do grupo tornou tudo mais fácil.


O primeiro objectivo era o Covão da Ponte, mas neste fim de semana o Mondego era o principal protagonista, logo o caminho mais usado pelo observatório das Penhas Douradas e Pousada de São Lourenço foi colocado de parte pois já estaríamos a passar na bacia hidrográfica do Zêzere. Para nos manter-mos na bacia do Mondego, fomos então rumo ao Covão de Santa Maria, sabendo antecipadamente que iríamos demorar o triplo do tempo, sabendo que iríamos carregar a bicicleta às costas algumas vezes, sabendo que iria ser bem mais difícil, mas sabendo também que iria valer a pena.



E assim foi. Começámos a percorrer o estradão florestal até atravessar a quinta. Não há muitas fotos desta zona (pedonal), pois a chuva não dava tréguas, as maquinas estavam guardadas e as mãos estavam ocupadas a carregar as bicicletas.

Depois de desviar algumas giestas para passar, pois o trilho que por aqui passa já esta fechado, lá descemos ao rio para mudar de margem.


Estávamos prestes a entrar na levada que nos leva até à quinta da castanheira. Esta levada agora sem agua é feita em xisto o que poderia trazer alguma dificuldade por estar molhada, mas tudo correu sem problemas.





A primeira paragem foi no Covão da Ponte, após duas horas de viagem. Aqui deu para comer, descansar um pouco e quem foi ao "tapete de pedras" teve tempo de lavar as mazelas.


O nevoeiro limitavam-nos as vistas e iam limitar mais. Estávamos à beira do rio e teríamos de nos afastar ganhando altitude, pois os caminhos não existem em determinados pontos.


Atravessámos a Quinta do Mondego de Baixo, local mais conhecido pela capela da Senhora da Assedasse. Aqui os caminhos à beira do rio, acabam. As alternativas resumem-se a subir na direcção da portela de Folgosinho na encosta Oeste ou subir na direcção da portela do Sameiro na encosta Este. A próxima zona com caminho à beira do rio seria a Quinta da Taberna.


Saímos da Senhora da Assedasse, subimos à portela do Sameiro, contornamos a Serra de Bois e o Cerro do Gato a Oeste. Aqui o nevoeiro foi uma constante e não nos deixou ver uma das vistas mais bonitas sobre o rio.

foto retirada desta volta

As contas dos horários do dia, começavam cedo a ficar de certa forma comprometidos. Descemos à Quinta da Taberna e nem sequer ponderámos a parte de terra batida pois além de se afastar do rio, alongava a volta e atrasava-a ainda mais.

arredores da Quinta da Taberna (foto retirada daqui)

Desde a Quinta da Taberna até Videmonte, fizemos asfalto. Estava nos planos (como é habitual) irmos "a Santiago", ao café Santiago para não haver enganos. A paragem mais alargada do dia foi mesmo ali no café bem no centro da aldeia. As gentes simpáticas da serra, sempre ali nos receberam de braços abertos e nos fazem sentir à vontade.
Voltávamos a apanhar o nosso Rio Mondego entre Videmonte e os Trinta. Descemos pela estrada e logo à seguir a ponte sobre o rio, virámos à esquerda na direcção do açude que "tira" agua do Mondego para a barragem do caldeirão no vale ao lado.




Novamente junto ao Rio Mondego, parámos para reagrupar e apreciar a bonita Quinta do Fojo. Este local lindíssimo, merecia ter um percurso ciclável até à central do Pateiro. Nesta curta distância o Rio Mondego enrola-se e desenrola-se entre o enrugado vale.

Rio Mondego (foto retirada do blog Viver na Cidade da Guarda)


Da Quinta do Fojo, subimos aos Trinta pois não tínhamos outra alternativa por muito que eu gostasse de ir com a bicicleta às costas até ao Pateiro.




A subida um pouco violenta na parte inicial, tem o seu acréscimo de dificuldade pois  as pedras molhadas são piores que cascas de bananas...


Atravessámos os Trinta, rumámos ao Alto da Lameira, seguido do Alto do Pateiro e de seguida começámos a descer novamente para junto do rio.



Estávamos quase a meio da volta e já passava das 15:00. Com vistas para a nossa cidade da Guarda, percorremos a crista até iniciarmos a descida mais acidentada do percurso. Devido a outros compromissos o Manel e o Ricardo rumaram à Guarda.









Quinta do Feijão

Vila Soeiro

A descida para a central do Pateiro foi feita com vistas para Vila Soeiro e para a encosta da serra por baixo do Cabeço do Meio onde a olho nu, dava para nos apercebermos da Quinta do Feijão.





Enquanto o terreno era só de pedragulhos ainda se ia tolerando, mas o pior foram as giestas. Este caminho que ainda há dois anos era possível circular com veiculo todo terreno, neste momento está completamente fechado com mato. Mais um ano e nem a pé se passa....





A descida foi um pouco massacrante, mas valeu a pena. Chegamos à central do Pateiro e rumámos para os lados de Vila Soeiro. Este "novo" caminho que passa por "terras do clube" é a razão do abandono do caminho que descemos, pois agora o acesso à central é efectuado por aqui.





A chuva dava-nos finalmente algum descanso. Se o bom ambiente reinou até com o tempo cinzento e chuvoso, daqui para a frente foi sempre a reinar. A parte mais difícil do percurso ficava agora para trás.





Ainda houve a oportunidade de mostrar aos sócios mais recentes, o local onde o clube pretende no futuro criar um centro de apoio ao montanhismo. Um antigo sonho do clube para apoiar as várias actividades de montanha mesmo à beira do Rio Mondego.







Fizemos a merecida visita a Vila Soeiro, onde o Nuno quase sacava um tintol ao primeiro senhor que encontrámos na rua.




Entre Vila Soeiro e a Mizarela fizemos o pequeno carreiro que nos mostrou o Costa numa das marchas do clube. Até ao Porto da Carne acompanhamos o rio pelo percurso da invernal de 2010. E se tivemos de fazer uma parte em alcatrão foi porque o caminho onde à dois anos eu e mais 3 amigos gastamos um dia de trabalho, já se encontra completamente fechado. Está como o encontramos da vez que estas fotos mostram
Dá que pensar..... afinal não há mesmo interesse em que esse caminho publico seja utilizado.




Passamos Vila Cortês do Mondego, passamos o Porto da Carne, Aldeia Rica e aproximávamos-nos de Celorico da Beira onde mais três se juntariam ao grupo.












E eis que o grupo aumenta novamente. Os borregos João Luís, Lavajo e Picado estavam já à nossa espera vindos da Guarda a pedalar. 
O resto do dia foi directos à Ponte de Juncais o mais próximos do rio onde os últimos quilómetros foram feitos na nacional 16. A dormida estava programada para Fornos de Algodres e para acabar em "beleza", ainda subimos da Ponte de Juncais a Fornos de Algodres.



Só às 20:00 chegamos a Fornos de Algodres....
Arrumamos as maquinas, tomamos banhoca.....


Entregamos a chave ao guardião.... 


E fomos jantar.....


Apesar do tempo. da chuva, do vento, do atraso, o dia de sábado correu lindamente. O grupo divertiu-se e gostou dos sítios por onde passámos. É de realçar o espírito e a animação de todo o grupo mesmo com as condições adversas com que nos fomos confrontando nos primeiros 50 Kms.
À noite, a janta foi excelente, a dormida foi 5 estrelas, o pequeno almoço de domingo esteve à altura do dia que iríamos ter....


Domingo de manhã começámos a pedalar às 8:30. Saímos de Fornos de Algodres e fomos na direcção do rio. Se se pensava que o percurso iria ser fácil, estava enganado. O rio vai descendo, descendo, mas nem sempre temos forma de o acompanhar bem de perto. Por vezes temos uma estrada mesmo à beira e de outras vezes vamos "picando o ponto" junto à agua e subindo novamente o monte.







Os primeiros quilómetros do dia tiveram algum alcatrão. Desta forma mantivemos sempre os olhos no rio e descomprimíamos as pernas do dia anterior. E foi a seguir a Ribamondego que voltamos a sujar os pneus...




A partir de Ribamondego em grande parte desta zona, é o Rio Mondego a fronteira dos distritos da Guarda e de Viseu.



Foi em Cativelos à beira da ribeira que fizemos a primeira paragem estratégica de comes e bebes.







Na Ponte Palhês, passamos novamente o rio e subimos a Contenças seguido de Abrunhosa do Mato.





A seguir a Abrunhosa do Mato, seguia-se um "saudável" sobe e desce sempre com o intuito de manter o rio bem perto. O Mané, que tinha feito o reconhecimento deste percurso, tinha alertado que poderíamos ter muito barro nesta zona, pois quando por lá passou não foi simples. O receio de apanhar muita lama na descida pela pista de motocross correu bem, pois apesar da chuva, o terreno até estava pesado, mas nada que fizesse as rodas parar.




Este sobe e desce, deu-nos sempre umas vistas fabulosas para o rio....



onde está o pneu?




Urtigueira





E em Povoa de Luzianes, o Nelson levantou a crista e a malta desceu para mais uma vez passar uma ponte sobre o Rio Mondego.




Na passagem da N231






Chegamos a Caldas de Felgueira, local que o Mané tinha definido para a paragem mais longa. A malta foi entrando no restaurante à beira da estrada. Pensava eu que se iriam cingir a pregos e bifanas, mas qual o meu espanto que quando entrei já havia malta a comer canja e outros a pedir bitoques para comer de faca e garfo. Como não sou diferente, fui atrás da mesma ementa.... uma canja deliciosa e um bitoque bem saboroso, repuseram as forças para o resto do dia.



A paragem demorou uma hora. Passamos no hotel das termas e mal entrámos em terra batida começaram-se a ouvir queixas que os bitoques eram muito fraquinhos. Seria porque a inclinação da primeira subida era uma coisa de respeito?? Mais parecia uma peregrinação... Melhor assim, pois fomos fazendo a digestão a pé, em vez de andarmos de bicicleta.



Após este "sobe" de respeito, descemos à Fraga. Um local bem bonito à beira do rio...











Já bem perto de Tabua, veio ao nosso encontro o amigo Tó Gonçalves que foi a maior ajuda nesta recta final. Alem de nos mostrar o caminho até Sevilha onde terminamos. Arranjou-nos local para a malta tomar banho e regressar a Guarda limpinho.



O cansaço acumulado dos dois dias começava a dar sinal nos ânimos da malta. Nada que uma pinga de água, uma "ultima subida" e uma paisagem linda não animasse novamente a malta para o ultimo quilometro. 










Este senhor que se segue (abaixo), foi outro que não teve mãos a medir. Saiu cedo da Guarda e esteve durante o dia de domingo sempre bem perto dos locais por onde passámos. Além de nos aturar durante o dia, ainda se deu ao luxo de trazer a mala de ferramentas e usar esse tempo das paragens a optimizar o espaço do reboque. Não é para qualquer um....



E o resultado do trabalho do Janeiro, foi este! As biclas agora entram agora sem confusões de manetes, selins, guiadores e ainda há espaço para mais duas. É caso para dizer que não brinca em serviço.


Sevilha

O grupo que chegou a Sevilha

Tudo isto não era possível sem a ajuda da carrinha dos Mercados Jardim, do Janeiro e do Currais que ao nível logístico nos aturaram no fim de semana e não nos faltaram com nada, bagagens,  transportes, etc... Obrigado ao Zé Luís que nos orientou a dormida em Fornos de Algodres, à Ana Fonseca que nos arranjou sitio para jantar, ao Mané que foi incansável nos reconhecimentos. Como dá para ver não falta malta amiga a proporcionar-nos bons momentos

Obrigado a todos por este fim de semana 5 estrelas. Um especial obrigado ao Tó Gonçalves e à associação TabuaXXI pela ajuda por estas terras. 

Meninos e meninas (mas que GRANDES meninas) estamos todos de parabéns.
Este é um percurso que pode ter ainda mais uns ajustes e poderá ser optimizado. É a nossa primeira versão de uma travessia que já merecia ser feita....

Dia 1

Dia 2

Fotos tirados por mim e roubei algumas ao Lavajo, ao Picado e a minha irmã Catarina.