domingo, maio 22, 2016

Passeio do Freixo



A Comissão de Festas do Freixo, pela mão do meu primo Pedro, decidiu organizar um pequeno passeio de BTT no Freixo (Almeida).

O dia puxava mesmo para sair à rua e desfrutar de um passeio tranquilo. Toda aquela zona é de uma paisagem muito bonita. Os caminho entre muros, o arvoredo, a vegetação que nesta altura do ano se encontra "no ponto", deram um toque especial a esta manhã bem passada que terminou com o belo do almoço.

Palavras para quê?? Basta dar uma vista de olhos a algumas das fotografias.... 








domingo, maio 15, 2016

Transportugal Race


A 14ª edição da Transportugal Race, foi marcada por um tempo fora do comum nesta altura do ano, pelo menos com tantos dias seguidos.


Em primeiro lugar, não posso deixar de referir o orgulho que sinto em fazer parte desta forte e coesa equipa, que todos os anos erguem mais uma edição desta prova que é há muito tempo uma referência internacional.

Ao dizer isto, lembro-me de no decorrer da etapa 4º, enquanto pedalava na companhia do australiano Peter Hairsine, lhe perguntar como decidiu participar na Transportugal. Ele respondeu, foi o google. Depois explicou que era a primeira prova de BTT por etapas que fazia. Fez a pesquisa de provas de BTT por etapas e das que lhe apareceram à frente pesquisou um pouco sobre elas e lá veio ele até Portugal.


A minha "semana" começou sábado. Viagem da Guarda para Bragança na companhia dos meus amigos Rui Sousa (o principal responsável por eu andar nesta andança vai fazer 6 anos), Marta Vieira e Paulo Coelho. Partidas, chegadas, GPS's classificações, etc..... é tudo com eles!! Como este ano a prova tinha 108 atletas, tinham pela frente uma semana sempre a "dar ao chinelo".

Assim que cheguei, instalei-me no meu quarto e logo me dei conta que tinha-me esquecido de trazer o shampoo..... montei a bicicleta e fui dar um giro à cidade, onde pudesse fazer estas compras de ultima hora sempre de olho na bicicleta que iria ficar na rua. Lá encontrei!!!


Entretanto, depois de almoço chega o autocarro com os participantes vindos de Lisboa.



Repetem-se as rotinas de preparar as maquinas e deixar tudo afinado até ao ultimo detalhe. As fotografias do Pedro retratam bem alguns pormenores curiosos....






O primeiro briefing.....
Neste dia 0, é dado o primeiro briefing, o mais longo, o mais geral e ao mesmo tempo o mais detalhado. 
Também isto fará parte da rotina de toda a semana, pois todos os dias depois do jantar é realizado o briefing de apresentação da etapa seguinte. 




Bicicletas prontas, gps's com baterias e mapas carregados, abastecimentos preparados, etc.... os atletas repousam para a semana que se avizinha dura.


 
Dia 1: Bragança - Freixo de Espada à Cinta: 144 Km





O primeiro dia em cima da bicicleta e o primeiro dia de chuva.
Pelo menos o São Pedro fez o que qualquer "biciclista" costuma pedir, isto é, até pode chover o dia todo mas desde que não chova no inicio.... tudo bem. Obrigado São Pedro! Não nos deste chuva até às dez da manhã, mas perdi a conta as chuvadas que caíram durante o resto do do. :P






As fotos publicadas foram tiradas, sempre nos períodos bons. A chuva quando vinha, vinha a sério e toda de uma só vez.
Como não estava muito frio (o que é relativo) não vesti de inicio o impermeável. Só que quando caiu a primeira chuva, nem deu tempo para me preparar. O resultado foi ter o casaco molhado, mas que foi secando nos intervalos da chuva. Não foi fácil de gerir este aquecimento/arrefecimento e a chuva.










Para ajudar a esta etapa já por si difícil, o terreno estava impregnado de água, o que tornava tudo ainda mais duro. Terreno muito pesado, com agua a cair de cima e a vir de baixo. Fora os bocados de alcatrão o que mais se assemelhava a isto era a pedalada numa bicicleta estática fraquita, isto porque raramente se sentia a bicicleta a deslizar pelo terreno.

Andei praticamente todo o dia com o americano (de raízes mexicanas) Mario Fuentes. Este bem disposto atleta, ajudou o dia a passar melhor. Cada vez que avistava a pick-up do Fael nascia-lhe uma vida nova, não porque quisesse desistir, mas sim porque ia encontrar a nossa simpática médica. Nunca resistia a um piropo, ou uma saída engraçada. Isto acabou por até ajudar a Isabel (médica da prova), pois houve um dia que ele não o fez, o que era sinal que ele não estava nada bem......



Nesta edição nem sequer tive a oportunidade de ver o Mazouco e a sua linda vista para o Douro. Durante todo o dia venho à espera deste momento, mas este ano não deu. Recordo-me que o dia que cheguei mais tarde a Freixo de Espada à Cinta seriam quase 20:00. Este ano eram quase 21:00 e eu estava com pouco mais de 120 Kms a passar o ultimo CP. Ficámos aqui "barrados", pois os penúltimos já levavam uns 20 kms à frente e portanto quase a terminar a etapa. 



Começava hoje a difícil tarefa diária de gerir a roupa suja e ensopada. Desde o calçado, às luvas e aos casacos. Ao chegar tarde, pouco tempo tinha para jantar, lavar, secar, preparar o dia seguinte e descansar....




Dia 2: Freixo de Espada à Cinta - Guarda: 110 Km





O dia acordou bonito, mas sabíamos que a chuvinha chegaria ainda de manhã. O meu plano foi.... usar só uma camisola interior nos primeiros 5 Kms. Mesmo que pingasse seria de fácil secagem. Assim que começasse a descer para o Douro, vestir o impermeável. Bem, resumidamente este tipo de coisas e a alimentação eram as preocupações principais...






Descemos à ribeira do Mosteiro, de seguida o Douro. Se até ali se arrefeceu um pouco, tínhamos agora 20 Kms de subida para aquecer novamente.



Durante a subida fui tendo a companhia do Ricardo (Mexico) e já perto de Figueira de Castelo Rodrigo o Ronald Tweedie. Mas foi um pouco antes de cruzarmos a Ribeira de Aguiar que caiu a primeira descarga de agua. Que tromba de agua apanhámos pela cabeça abaixo. A chuva era tanta que mal se via a paisagem. Os caminhos pareciam autenticas ribeiras com corrente e tudo. Aliás, já vi ribeiras com muito menos agua que alguns destes caminhos....
Com mais um palmo de água não conseguíamos atravessar a Ribeira de Aguiar, uma vez que a agua já quase passava por cima das pedras. Só de pensar que no ano passado a atravessei pelo leito sem molhar os pés, já dá que pensar......

Em Figueira de Castelo Rodrigo o Ronald ficou juntamente Laurent Luc (que já tinha informado a organização). A chuva continuava a cair sem dó. Como o Ronald ficou, fiquei sozinho pois o Mario já tinha "descolado" de nós há mais tempo.

Atravessei Figueira de Castelo Rodrigo sozinho e sozinho subi à aldeia histórica de Castelo Rodrigo. Ao passar o salão de chá, vi uma bicicleta a porta era do Ricky que estava lá dentro a comer e a beber um chá quente e uma coca cola. Esperei-o cá fora quase meia hora. Nestes dias frios e de chuva, não gosto de entrar em ambientes confortáveis a não ser no final, porque acho que se sofre mais quando se retoma o caminho.

Mas enquanto estava à porta passou o Mario Fuentes e o Bill Smith. Tinham entrado em Figueira num café de uma área de serviço e eu não os vi. Enquanto isso, o Ricky continuava descansado no salão de chá. Eu já estava a desesperar estar tanto tempo parado ao frio, mas ele lá decidiu aparecer e disse que "estava fortíssimo" que agora estava pronto para ir a abrir. E realmente foi assim.....



Um pequeno à parte neste registo fotográfico... Que fique aqui registado que aquele "menino" com a camisola "Star Wars" está a pensar com toda a certeza que um dia destes também aparecer na Transportugal (e não vai ser à civil). E eu acredito "piamente" que será para discutir um Top5 (no mínimo). 




Com o Ricky saímos de Castelo Rodrigo a um bom ritmo. Mas rapidamente encontrámos o Bill e o Mario. Só pude dizer ao Ricky até mais logo, enquanto seguia com eles a um ritmo já muito "degradado" e com a chuva a começar a cair.

Já estava algo seco, mas a chuva engrossou e veio mais uma tromba de agua. A terceira do dia! Eles já perguntavam vezes a mais pelo próximo CP, mas ainda faltava...

Quando passávamos pelas imediações de Malpartida, onde já faltava pouco para Almeida (o próximo CP) eles bloquearam no cruzamento pois o caminho a seguir afastaríamos da aldeia. Ainda tentei que seguissem comigo pois o próximo CP estava a quase. Mas estava a cair tanta agua que só tive hipótese de lhes fazer sinal para seguirem atrás de mim e dirigi-me para a aldeia onde sabia que existia um café. Restava a esperança de o encontrar aberto.... e estava! 

O Mário estava mal, o Bill conseguia estar pior. Mal pus o pé no café pedi ao dono se podia forrar o chão à entrada com cartões, pois nós iríamos sujar aquilo tudo e não ia ser pouco. Lá se pediram umas sandes, chá quente mas eles tremiam como varas verdes. Disse-lhes para ficarem em tronco nu. Acharam estranho, mas ao fazer isso é que começaram a aquecer. A roupa molhada, colada ao corpo não estava a ajudar. Entretanto o senhor do café arranjou uns sacos pretos do lixo grandes, que deu para vestir como camisola. Ficaram impecáveis e pelo menos muito mais bem dispostos. O Fuentes começou logo a fazer umas piadas para umas miúdas do café, sinal evidente que já estava recuperado.

A carrinha do Fael chegou para os levar, mas ainda deu para a fotografia do dia....


Com o Fael saltei Almeida. Depois de 60 Kms feitos e com esta paragem de quase uma hora eu estava bem atrasado. A partir do Freixo tinha os últimos 30 Kms para fazer, mas nem estes fiz todos, pois já quase na Guarda no João Bragal e na companhia do Sérgio Campos, fomos recolhidos. Mais um dia duro, com muita chuva e frio.







E para terminar o dia em beleza, nada como cantar os parabéns a este amigo. Um grande senhor, diria mais..... um gajo impecável e 5 estrelas. Parabéns João Aragão!

Para muitos o dia estava a terminar, para esta malta da mecânica o dia estava só a começar....





Dia 3: Guarda - Penhas da Saúde: 95 Km


Esta bonita etapa, a etapa rainha da Transportugal teve de ser cancelada por questões de segurança. Para o dia 3 estava previsto muito mau tempo com chuva, frio, vento e neve, o que se veio a confirmar. Numa etapa exigente como esta, foi a opção mais sensata a tomar.

O dia foi passado a mudar tudo da Guarda para as Penhas da Saúde. Tudo, tudo, tudo! Bicicletas, atletas e o do costume.

Não deixou de ser um dia de estafa e longo.










Dia 4: Penhas da Saúde - Castelo de Vide: 164 Km

 
Dizem os atletas que o dia de "folga" que as pernas tiveram, fazem algum estrago. Na partida para esta etapa longa vai-se com algumas cautelas, até porque a etapa é grande e o gráfico com a altimetria engana. No ano passado cruzei a meta às 21:00 num dia em que esteve um calor abrasador e pedalamos horas a fio com os 40ºC sempre à espreita.


Como dá para ver por estas fotos.... a etapa 4 deste ano foi bem diferente....
Estava frio, mas estávamos nas Penhas da Saude. Lá para baixo as coisas são bem diferentes. Ir carregado de roupa era um erro, pois ela ia estar a mais assim que estivéssemos na Cova da Beira. A organização providenciou assim um esquema para ultrapassar este obstáculo. Distribuiu a cada participante um saco identificado com o numero do participante. Como a etapa se inicia a descer, podiam ir carregados de roupa porque no fim dos primeiros 20 Kms, podiam deixar o saco com toda a roupa extra num carro da organização que esteve no Peso para esse efeito.


Com a chuva a "lavar-nos" da cabeça ao pé desde o minuto zero desta etapa, iniciámos a descida. Quando passávamos pela Quinta do Mineral, recebo a informação que estava um atleta para trás. Entretanto recebo uma chamada do Sérgio Campos.... era ela o que rodava atrás de mim. Estava com problemas no GPS, estava a marcar o trajeto, mas o mapa tinha levado sumiço. Voltei atrás ao encontro dele e retomámos o sentido da prova.

Chuva, chuva e mais chuva. Num dia de 164 Kms, estavamos ensopados já ao Km 5, pois a chuva vinha de cima e de baixo.







Com estas fotos na passagem da Quinta do Mineral, percebe-se o quanto os terrenos estão impregnados de água. 


Chegámos ao Peso e o Sérgio deixou algum material. Eu não gosto de deixar nem pegar coisas a meio. Prefiro saber que tenho tudo o que preciso, por vezes até umas luvas molhadas dão jeito. Tudo depende do estado em que trazemos as que estão vestidas. O dia ainda ia no inicio e não ia ser "pêra doce".

A passagem da Gardunha este ano foi mais simples. A potente subida pelo Souto da Casa foi substituída pela passagem por Alcongosta. Desta forma reduziu-se 3 a 4 Kms e fez-se menos uns 300 metros de subida. Parece pouco, mas nem imaginam a diferença que faz ao fim do dia, até porque assim a Gardunha é ultrapassada mais cedo por todo o pelotão (quer seja num dia de calor ou de frio como o de hoje).

Mas foi na passagem por Alcongosta que optámos por uma pequena paragem. Meia hora talvez. A chuva era torrêncial. Parámos no fim da aldeia junto à capela para comer, substituir alguma roupa molhada por uma húmida (sim, porque seca..... era dificil). 

A chuva não aliviou. Estávamos já a ficar com muito frio e a única forma de aquecer era irmos pedalar para o meio da chuva. Lá fomos.....



Chegámos a Alcongosta. O Sérgio ficou por ali. Os novos últimos estavam bem para a frente, podia ter entrado no carro para me adiantarem no percurso, mas estava com tanto frio e molhado que enfiar-me num carro quente ia dar cabo de mim (pelo menos naquela altura). Segui viagem....




Entretanto circulava na zona da Atalaia do Campo, liga-me o Fael. As ordens eram para ser recolhido e ser colocado mais à frente. Identifiquei a zona, dirigi-me ao apeadeiro da Lardosa que estava ali perto e dirigi-me à estrada EN18. A chuva não parava um bocadinho. Nos 5 minutos que parei na estrada à espera do Fael, a chuva engrossou que mais parecia um diluvio. Que carga de agua que estava a levar no lombo.


Deixou-me mais à frente perto de Castelo Branco. Recomeçar depois de uma pequena paragem de meia hora como esta, a mim custa-me e não é pouco.

Passam os últimos no CP da Srª de Mercoles e sigo com eles. Rodei com o Peter Hairsine durante uns Kms e até Vila Velha de Rodão na companhia do João Batista. Companhia esta que já conheço há alguns anos desde os tempos do Geo-Raid. Um episódio engraçado passou-se em Lentiscais. O Peter não parou no café, mas estavam dois companheiros brasileiros lá parados. Parei esperei que eles, mas eles não perceberam que eram os últimos.... Quando se deram conta arrancaram rápido e em pânico. "Vamos fugir dele Marcão" ouvi ainda um dizer. Mas como sabia que mais cedo ou mais tarde o meu ritmo teria de abrandar.... "prego a fundo" com eles.... Até me estava a sentir bem. E mais estava a curtir à brava seguir naquele ritmo, pois cá para trás não é muito normal. Passamos o Ponsul e aquelas retas seguintes sempre a bom ritmo. Eles a olharem para trás, por vezes ainda ouvia um perguntar ao outro "ele ainda vêm aí?". E quando se davam conta que sim, o pânico aumentava e o ritmo também..... Foi demais! Até que ao longe vi novamente o Peter Hairsine. E quando nos chegámos a ele, eles ficaram mais tranquilos. Desapareceram no horizonte, contentes pois deixaram a cauda da corrida e o vassoura para trás. Entretanto não rodei muito mais tempo com o Peter pois apanhámos o João com quem fui até Vila Velha. 

Mas também esta companhia se ficou por Vila Velha do Rodão. Até íamos com um ritmo que provavelmente daria para cruzar a meta a tempo e horas, mas uns problemas na bicicleta estavam a consumir algum tempo que iria fazer falta obviamente. Mais uma vez segui viagem...




Fiz toda aquela zona à beira do Tejo sozinho. Como o ritmo do João era bem diferente do Peter eu estava bem cá para trás (pensava eu). Imprimi um ritmo um pouco mais alto à procura da companhia que acreditava apanhar mais cedo ou mais tarde. Apanho mais à frente o Fael a dizer que tinha de parar, estava na zona de Salavessa e o Peter estava para trás. Parou num café de Vila Velha e como chovia tanto eu devia estar a olhar para o chão quando passeio por ele e não o vi.



Assim que ele chegou, retomei o caminho. Fiz tudo na companhia dele praticamente até chegar à calçada em Castelo de Vide. No inicio da subida apanhei o Rinus, já muito desorientado e desgastado. perguntava-me se faltava muito a cada 30 metros percorridos com a bicicleta à mão. Já não conseguia encontrar qualquer detalhe que lhe desse um pouco mais de alento. Estava dificil. 



Fizemos a calçada já de noite, a pé e muito devagar.... o dia já ia longo. Muito longo. Ia faltar tempo para jantar, lavar a roupa, preparar o dia seguinte, descansar pois eram novamente nove da noite..... que dureza de dia. 

Já me vou esquecendo de detalhar que o terreno está pesado, pois com tanta chuva já aceitámos esta característica deste ano.








Dia 5: Castelo de Vide - Évora: 162 Km


Dia durissimo!
O dia começou frio e carregado de chuva. Não eram de todo os melhores ingredientes para um dia recuperação do dia anterior e com 160 Kms para fazer.


Os primeiros 30 Kms, são sempre os piores desta etapa. Com estas condições pior um pouco. Em pouco mais de 10 minutos já estávamos todos encharcados e com 1 Km percorrido pelas bonitas (e chatas) calçadas.


A passagem pela Serra de São Mamede, foi no meio de muito nevoeiro. O "truque", se é que se pode chamar assim, ou seja, o objectivo era tentar manter um ritmo certinho de forma a manter o corpo quente. Tentar que as paragens sejam curtas, mas nem sempre isso acontece quando não vamos ao nosso ritmo. O dia ia fazer estragos..... e fez mesmo.


Dois atletas que pedalavam comigo, decidiram antecipadamente que no próximo CP iriam desistir. O sofrimento era demasiado e só de pensar o que ainda estava pela frente não animava. Eu planeei parar em São Tiago (o próximo CP), entrar no café que lá existe para beber um chá quente, comer uma sandes de marmelada e presunto, trocar de luvas e continuar.... Quando lá chegámos já estava muita apeada, nos carros da organização. Alguns embrulhados nas mantas de sobrevivência e nos cobertores. Algumas caras confesso que nunca as imaginaria ali, pois conheço-lhes a fibra de outras edições.

Já no CP, eu estava sozinho pois as minhas companhias iriam fica ali. Entretanto mudei de planos e não parei no café. Houve uma pequena aberta, a chuva quase parou e senti o corpo um pouco mais confortável. Segui viagem logo de seguida para não arrefecer.



O dia entretanto foi melhorando, o que ajudou. A temperatura subiu ligeiramente, deu para ir secando a roupa colada ao corpo. 


O dia foi de molhas e de secas. Nada que já não estivéssemos habituados destes dias. Apanhei-as e sequei-as quase sempre na companhia do Peter. O dia dificil e o terreno pesado, foi-nos atrasando muito. Assim que entrámos na ecopista, um pouco antes de Arraiolos e que nos levaria a Évora, o tempo que tínhamos daria para chegar a tempo (em dias normais).  



Na ecopista apanhamos o Toru, cheios de vontade continuámos a pedalar, mas o ritmo.... ui, esse estava tão diferente dos anos anteriores. Com a noite a aproximar-se, e a faltar ainda 20 Kms, recebemos indicação do António Malvar que teríamos que ficar por ali, pois já não havia a mínima hipótese do Peter e o Toru chegarem antes do fecho da meta.

O Toru, disse logo que independentemente disso, continuaria. Eu apesar de dizer que lhe fazia companhia, fui aconselhado pelo António para subir para a carrinha. O dia já estava no fim e era a opção mais sensata. Entrei para a pick-up com o Peter e deixámos o Toru (que mais tarde foi recolhido pelo Fael, já de noite ainda antes de chegar a Évora).

Para o Peter, foi um dia mau, pois foi neste dia que caiu por terra a hipótese de ser finisher da prova. Foi pena, pois em anos "normais" ele tinha-o conseguido sem qualquer dificuldade. 






Cheguei quase de noite. Com tanta roupa molhada, calçado molhado, luvas molhadas, tinha uma longa tarefa pela frente. Fui para o banho vestido e calçado para não estar a sujar o quarto. À medida que tirava a roupa ia-a lavando. Primeiro que a terra e saísse toda da roupa e do corpo, foi uma eternidade. As horas a passar e a roubar o tempo ao descanso. Depois secar minimamente as peças principais, foi outra dor de cabeça. Neste dia só me deitei perto das 2 da manhã. Dia longo.....






Dia 6: Évora - Albernoa: 103 Km



Eis que chega o dia fácil da semana. O tão desejado dia de 100 Kms e praticamente planos. 



Temperatura amena à partida, céu azul e pouco vento. Um começar de dia diferente, ao qual não estamos habituados durante esta semana.














No entanto a chuva ainda apareceu, por duas vezes. No final do dia o terreno era bem lamacento. Arranjei neste dias dois grandes companheiros, que de um momento para o outro se tornaram grandes amigos o mexicano Ray Macias e o uruguaio Isaac Mango. Sempre bem dispostos, conversamos de tudo um pouco durante o dia. Tenho pena de não os ter apanhado em outros dias. Eles provavelmente já não dirão o mesmo, pois o vassoura é normalmente quem eles menos querem ver. 







A lama desta etapa fez bastantes estragos. A malta da mecânica teve trabalho extra nesta noite.



No final do dia, dois acontecimentos diferentes do que é o habitual. Uma chegada a reboque por causa de um pedaleiro danificado e a chegada a correr do Isaac.
O Isaac, começou a ter problemas com o desviador traseiro nos últimos kms. Com a meta praticamente a fechar começou a ver que estava apertado de tempo e decidiu largar a bicicleta e fazer os últimos 5 Kms a correr. Deitei as mãos à cabeça com aquela decisão pois para mim, iria deitar tudo a perder. Largou a bicicleta, DESCALÇOU-SE e começou a correr. Só me dizia, "Tiago, está tranquilo, eu estou habituado a correr". Percebi depois que o triatlo faz parte das paixões deste amigo. Mas durante 5 Kms vi aquelas meias a desfazerem-se, os pés a entrarem em contacto directo com o chão, aqueles joelhos a serem um pouco mais massacrados do que seriam.

Passados 5 Kms, o Isaac corta a meta um minuto antes do fecho da meta, de meias desfeitas, sorriso na cara e placa (do numero) na mão. Que final de dia fantástico.










Com um dia "curto como este", finalmente deu para tratar de tudo para o dia seguinte com mais tempo e deitar não muito tarde.



Dia 7: Albernoa - Caldas de Monchique: 138 Km


Será pela proximidade do Algarve que o tempo ficou melhor?? Finalmente o dia ameno, bom para pedalar e sem chuva. Ainda bem, pois este é o dia mais "traiçoeiro" da TP. Tudo isto, pois as dificuldades maiores aparecem já quando temos mais de 100 Kms nas pernas e faltam pouco mais de 30 para o final.

























Dia 8: Caldas de Monchique - Sagres: 96 Km